Carta do Gestor

ABR | 2021
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Carta do Gestor

Opportunity Total FIC FIM

Desempenho do Fundo em marçoO Opportunity Total encerrou o mês com alta de 0,96%. Os ganhos foram proporcionados pelos mercados acionários doméstico (0,77%), e internacional (0,79%), além das posições internacionais em moedas (0,31%) e juros (0,11%). As principais perdas decorreram das posições em juros locais (-0,36%) e câmbio (-0,54%).

Cenário para a Economia e MercadosA “reflação” global avançou novas casas em março. A economia americana mantém a liderança da forte retomada da atividade mundial, com o mercado de trabalho produzindo 900 mil novas vagas no mês passado. Indicadores contemporâneos de alta frequência apontam para continuada aceleração dos gastos das famílias nas últimas semanas, impulsionados pela recuperação da renda do trabalho e pelos desembolsos do mais recente pacote fiscal, de USD 1,9 trilhão. A abertura plena da economia deverá promover uma retomada rápida do setor de serviços e proporcionar o maior crescimento do PIB em décadas nos próximos dois trimestres.

Embora em menor grau, dinamismo semelhante é verificado nas demais economias maduras, com indicadores prospectivos, tais como os PMIs de manufatura e serviços, atingindo os níveis mais fortes da última década na Zona do Euro, Reino Unido e Japão. Esse aumento da confiança do setor privado ocorre mesmo a despeito da nova aceleração nas curvas de contágio da Covid-19, que ensejaram a reintrodução de duras medidas de lockdown em diversos países.

O avanço dos programas de vacinação no Hemisfério Norte é obviamente o principal elemento que garante essa “blindagem” ao otimismo dos agentes econômicos apesar dos mais recentes percalços com a pandemia. Com calendários bem avançados, EUA e Reino Unido já deverão ter garantido imunização à toda população adulta ainda no primeiro semestre do ano e, após uma decolagem tardia, a Europa deverá acelerar seu programa nos próximos meses. Esse prognóstico favorável reforça a confiança em uma forte retomada da atividade econômica nas economias avançadas nos próximos meses, o que deverá levar o bloco a um crescimento anualizado superior a 8% entre o segundo e o terceiro trimestres do ano.

Outro destaque importante do mês foi a reunião de política monetária nos EUA, onde o Banco Central (Federal Reserve) reforçou a mensagem de que irá perseguir taxas de inflação temporariamente acima do centro da meta de 2%, até que a recuperação da economia e do mercado de trabalho se encontrem em estágio bem avançado.

Nos mercados, assistimos novamente um ambiente favorável para os ativos de risco, ainda que tenha se intensificado a tendência de crescente divergência geográfica e entre classes de ativos. Nos próximos meses, acreditamos que a aceleração da atividade, a disposição do Federal Reserve em promover suporte máximo à recuperação, e o tema da reabertura continuarão impulsionando os mercados acionários de economias avançadas e do setor de matérias-primas.

Na contramão, entendemos que os efeitos colaterais da “reflação”, em especial a elevação das curvas de juros, deverão se intensificar, em resposta à intenção deliberada do Fed de incorrer em maiores riscos na meta de inflação, e das evidências cumulativas de pressões de preços nas cadeias industriais de manufatura. Salvo poucas exceções, mantemos nosso ceticismo com o desempenho dos ativos de países emergentes, que em sua grande maioria demonstram dificuldades relevantes para acelerar o calendário de vacinação.

No Brasil, a deterioração do ambiente se intensificou no mês passado. A brutal aceleração da curva de contágio forçou a retomada de medidas de restrição de mobilidade em todo o país. Como efeito direto, a economia brasileira certamente frustrará as expectativas do início do ano de forte recuperação, com o crescimento do PIB dificilmente superando 2% em 2021.

O outro efeito colateral é a pressão sobre a política fiscal. De fato, assistimos em março mais um episódio de ataque às contas públicas com a aprovação da Lei Orçamentária, a qual traria sérias dificuldades para a manutenção do teto de gastos caso viesse a ser sancionado integralmente.

A disponibilização de vacinas deverá aumentar substancialmente a partir de abril, permitindo a aceleração do plano de imunização para um ritmo diário entre 1-1,5 milhão de doses. Ainda assim, à luz da elevada transmissibilidade das novas variantes do coronavírus, esse esforço não será suficiente para garantir uma rápida reabertura e normalização da economia.

Esse é um quadro, portanto, onde as pressões por mais gastos permanecerão latentes. Embora acreditemos que o impasse em torno do Orçamento será solucionado, o ambiente seguirá propício para novas tensões no campo da política fiscal. Continuam elevados os riscos de novas despesas extra-teto ou, ainda, de acionamento de novo estado de calamidade – o que isentaria o governo de perseguir as metas fiscais em 2021, abrindo as barragens para uma nova enxurrada de gastos.

Diante da alta “mais persistente” da inflação, desancoragem adicional de expectativas, e renovadas pressões das incertezas fiscais sobre a taxa de câmbio, o Banco Central adotou uma postura mais agressiva e surpreendeu o consenso de mercado, elevando a taxa Selic em 75bp. Embora o Copom tenha reiterado a mensagem de que irá promover uma normalização da política monetária apenas “parcial”, acreditamos que o contexto desafiador forçará o BC retornar a taxa Selic para patamares próximos à zona de neutralidade, para 6% aa.

Estratégia do FundoMantemos nossa exposição ao mercado acionário nos EUA, que continuará liderando o ciclo de retomada global. Adicionamos no mês de março exposições em ações na Zona do Euro e Reino Unido, que deverão perceber forte aceleração da atividade com a abertura das economias a partir do segundo trimestre. No Brasil, continuamos concentrando a exposição do livro de ações em empresas expostas ao tema da “reflação” global, e menos sensíveis ao prêmio de risco local. Adicionamos também apostas em empresas dos setores de shopping e varejo físico, objetivando explorar o tema da aceleração do programa de vacinação doméstico.

No mercado de juros, seguimos perseguindo o tema da reprecificação global dos riscos inflacionários com posições tomadas nos EUA e Reino Unido. Entretanto, reduzimos taticamente a exposição após o forte movimento de alta nos juros em março. Mantemos exposição neutra na curva de juros nominais e pequena posição aplicada em juros reais. A combinação de aceleração inflacionária, alta de Selic e riscos fiscais significativos por um lado, e prêmios bastante elevados por outro, desautorizam grandes apostas direcionais.

No mercado de moedas, continuamos adotando uma postura tática. O excepcionalismo da economia americana continuará fornecendo importante suporte para dólar, o que favorece a manutenção de apostas compradas contra moedas de baixo carrego e baixo crescimento econômico, como o euro, iene e franco suíço. Na contramão, mantemos a tendência de compra oportunista de moedas de bons fundamentos, diretamente favorecidas pelo ciclo de commodities. No mercado de câmbio doméstico, adicionamos uma posição tática comprada em dólar, em função do aumento das incertezas com o acirramento da pandemia.


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