Carta do Gestor

JAN | 2022
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Carta do Gestor

Opportunity Total FIC FIM

Desempenho do Fundo em DezembroO Opportunity Total encerrou o mês com alta de 0,92%. Os principais ganhos decorreram do livro de juros locais (0,16%), ações internacionais (0,12%) e moedas (0,08%).

Cenário para a Economia e MercadosO ano de 2021 terminou com o acirramento da nova onda de contágio da Covid-19. A variante Ômicron, identificada inicialmente em novembro na África do Sul, vem demonstrando altíssima transmissibilidade, levando a uma explosão do número de novos casos no mundo, os quais superam em larga escala os picos de contaminação anteriores.

Entretanto, as evidências disponíveis até o momento indicam que a imunidade promovida pela vacinação é capaz de conferir proteção eficiente contra manifestações graves da doença, o que vem garantindo um número baixo de fatalidades e internações hospitalares.

Mantida essa tendência, entendemos que o surto atual de casos de Covid repetirá a dinâmica observada nos episódios recentes, apresentando impactos reduzidos ao ambiente econômico. Novas rodadas de vacinação, a atualização dos imunizantes às novas variantes, a disponibilização de tratamentos, e o aperfeiçoamento dos protocolos sanitários e de interação social deverão permitir que o mundo conviva com o vírus em contexto de normalidade econômica.

Dessa forma, antecipamos que o início de 2022 será marcado com a fase da maturação da recuperação econômica global. Além do efeito da completa reabertura, a atividade econômica deverá se beneficiar do impulso proporcionado pelo alívio gradual dos gargalos nas cadeias produtivas globais e condições financeiras ainda benignas. Entendemos ser esse um ambiente ainda propício para o bom desempenho do mercado acionário, em particular no mundo desenvolvido, onde as empresas continuam produzindo resultados operacionais robustos, a vacinação já alcançou larga parcela da população, e a retirada dos estímulos monetários e fiscais ocorrerá de forma bastante gradual.

Outro elemento positivo do cenário para o novo ano é a reorientação da política econômica na China. Com a forte recuperação após o choque da pandemia, a prioridade das autoridades no último semestre voltou-se para os desafios estruturais, como a descarbonificação da economia, o excesso de alavancagem no sistema financeiro, a especulação excessiva no setor de habitação e o aperto regulatório em áreas estratégicas ao interesse nacional. O resultado foi a forte desaceleração da economia e o aparecimento de vulnerabilidades no sistema financeiro.

Mais recentemente, após controlada a crise da Evergrande, a liderança chinesa passou a emitir sinais de que a sustentação do crescimento econômico voltaria ao topo da lista de prioridades. O comunicado oficial da Conferência Econômica do Partido Comunista realizada no mês de novembro enfatizou a necessidade de sustentar o crescimento da economia, e colocou como meta o estímulo ao setor de moradias. A isso, seguiram-se reduções na taxa de requerimento de capital dos bancos, além de corte nas taxas de juros de empréstimos bancários.

Embora essa inflexão não signifique uma reorientação agressiva na política econômica chinesa, ela certamente implica uma redução nos riscos de cauda para a atividade econômica que haviam se intensificado bruscamente nos últimos meses. Beneficiam-se desse ambiente de redução de riscos para o crescimento os setores de commodities e os países conectados ao ciclo econômico da China.

Embora ainda benigno, o cenário econômico traz também desafios crescentes, em particular no plano da inflação. Conforme destacamos em nossas últimas Cartas, o diagnóstico dos bancos centrais de pressões transitórias deu lugar ao entendimento de que o atual processo inflacionário tem raízes em desequilíbrios macroeconômicos mais profundos e persistentes, decorrentes do superaquecimento da economia em resposta aos estímulos monetário e fiscal em magnitude sem precedentes durante a pandemia.

Nesse sentido, vimos nos últimos meses diversas autoridades monetárias do mundo emergente levar a cabo ciclos de aperto significativos – em alguns casos, com as taxas de juros superando patamares pre-pandemia. Já no mundo desenvolvido, embora de forma gradual, passamos a ter diversos atores iniciando campanhas de retirada de estímulos, como é o caso do Banco da Inglaterra, que elevou a taxa básica em dezembro.

Esse endurecimento da retórica dos bancos centrais é particularmente notável nos EUA, com o Federal Reserve confirmando a sinalização de aceleração no ritmo no tapering, e abrindo espaço para dar início ao ciclo de altas de juros no segundo trimestre do ano. Não bastasse, alguns membros do FOMC admitiram ainda que o comitê já discute a possiblidade de iniciar a redução do balanço do Fed em meados desse ano.

Embora essa inflexão na postura dos bancos centrais venha produzindo importante reprecificação das curvas de juros no mundo, entendemos que esse processo ainda não se esgotou. Isso é especialmente válido para a região intermediária da curva norte-americana, a qual precifica taxas terminais excessivamente baixas. Como mencionamos em nossa Carta de novembro, acreditamos que a continuidade desse processo manterá a tendência favorável ao dólar, especialmente em relação às moedas de países emergentes.

No caso do Brasil, mantemos uma postura cautelosa com o cenário que se desenha para 2022. A inflação continua se mostrando elevada e com disseminação para os preços de serviços, o que forçará o Banco Central a levar a taxa Selic adiante no território contracionista, possivelmente para além de 12% a.a.. Com a maior parte dos efeitos do aperto monetário ainda a se fazerem sentir sobre a atividade econômica, reforça-se o quadro de contração do PIB esse ano – projetamos uma queda entre 0,5% e 1% em 2022. Pesa ainda sobre o ambiente de investimentos a normalização da política monetária nas economias avançadas, e o debate eleitoral, que deverá ser marcado por contornos altamente populistas.

Estratégia do FundoNossa avaliação de que o ano se inicia com um ambiente econômico global ainda benigno para os ativos de risco favorece a manutenção da alocação no mercado acionário de países desenvolvidos, em particular nos EUA, que contam com resultados de empresas robustos, e condições financeiras ainda altamente estimulativas.

Entretanto, a elevação da inflação e a perspectiva de normalização monetária nesses países exige ajuste na estratégia de ações, por meio de mudanças na composição setorial, aumentando e exposição em “value stocks” em contraposição a “growth stocks”. Adicionalmente, aumentamos a posição tomada em taxas de juros nos EUA, em especial na região da curva de 5 a 7 anos. Entendemos que essa região precifica uma taxa de juros terminal ainda excessivamente baixa.

Quanto à alocação doméstica, mantemos a exposição a risco bastante reduzida. O cenário eleitoral conturbado, e a perspectiva de contração da atividade econômica em 2022 ainda não parecem totalmente refletidos nos preços do mercado acionário local. Dessa forma, optamos por concentrar a carteira em empresas com alta exposição ao mercado internacional e aos preços de commodities, que deverão se beneficiar com a inflexão da política econômica na China.

No mercado de juros local, mantemos o entendimento de que os prêmios já refletem em largas medidas o cenário desafiador, embora a dinâmica de persistência e disseminação da inflação continue favorecendo uma postura tática. Nesse sentido, reduzimos a exposição aplicada na parte intermediária da curva de juros nominal após os ganhos auferidos no mês de dezembro.

No mercado de câmbio, continuaremos a explorar oportunidades para expressar nosso entendimento de que o dólar deverá se beneficiar do forte crescimento e da reprecificação do ciclo monetário nos EUA.

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